terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Os projetos da Gurgel "A FRENTE DE SEU TEMPO?"


Os projetos da Gurgel

Por Carlini do Linux

Nassif,

como o espaço aqui é democrático, e com a proximidade do aniversário do falecimento do Gurgel, proponho discutirmos sobre essa pessoa, tão injustiçada no Brasil.

Gurgel foi um empresário à frente de seu tempo, um inventor, indevidamente chamado de sonhador…

Por exemplo, o projeto Delta do carro popular, em 1992 ele propunha algo que a indiana tata motors foi fazer somente agora, 16 anos depois, o tata nano, um carro de baixíssimo custo para os mercados emergentes.

Existe muita coisa obscura na história da falência da montadora de Rio Claro, a única genuinamente nacional. Por que o governo não ajudou essa empresa? sendo que em qualquer país desenvolvido é comum esse tipo de ajuda, por exemplo, a Chrysler teve aportes do governo americano na ordem de US$ 1,3 bi no início dos anos oitenta, ao passo que ao Gurgel fora negado R$ 20 mi no ano de 92/3.

Por que os governos estaduais (SP – governo de Fleury / CE – governo de Ciro Gomes) desistiram do projeto delta, sendo que estes aviam apoiado a iniciativa, será que cederam ao lobby das multinacionais? Afinal, eles haviam entrado como avalistas, por que não desistiram no início? o que o Ciro Gomes ganhou com isso? Hoje ele “posa” de desenvolvimentista, mas afinal será mesmo? – cabe ressaltar que nesta época ele era do PSDB….

E o Elcio Alvares (DEM-ES) então ministro, porque recusou o pedido de ajuda? Bom, se fossem políticos de outras legendas, a situação poderia ter sido outra?

Cabe frisar que nos anos 90, a exceção do Brasil (com o Gurgel e Engesa) e da Rússia (com os lada/autovaz), nenhum país dos BRIC possuía uma montadora nacional, atualmente qual o único que não possui? justamente o Brasil…. Então eu pergunto, foi certo a forma como o governo Collor abriu o mercado? Foi certo como o governo Itamar conduziu a situação? E as participações do Ciro Gomes e do Fleury?

Bom, sei que muitos dirão que os carros do Gurgel eram feios, antiquados, etc… mas da pra começar fazendo o top? como começaram os carros chineses/indianos e como estão hoje? Cabe aqui a reflexão, quão desenvolvida estaria a tecnologia da industria automobilística nacional agora, 18 anos depois?

E antes que perguntem, sim, sou um entusiasta da industria nacional e de carros antigos, e logo logo, realizarei meu sonho de possuir um exemplar do Supermini, na minha opinião, o melhor carro urbano dos anos 90.

Postado por Raimundo Couto

A última sexta-feira (31) foi marcada pelo falecimento do engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, aos 83 anos, um visionário que acreditou até o fim de sua vida na possibilidade do Brasil contar com uma fábrica (e não montadora) de automóveis. Engenheiro, formado pela Escola Politécnica de São Paulo, dedicou sua vida no estudo da tecnologia automobilística.

Ousado e muitas vezes incompreendido o arrojo e o empreendedorismo marcaram sua trajetória. Tão logo se formou partiu para os Estados Unidos onde fez pós-graduação e trabalhou como estagiário na Buick Motor Corporation e na General Motors Truck and Coach Corporation. No retorno ao Brasil não demorou em abrir seu próprio negócio: uma fábrica de luminosos de plástico. Mas não era esta a atividade que o deixava feliz. Paralelamente Gurgel começava de forma incipiente a fabricar karts para competição.

O negócio se estendeu para produção artesanal de minicarros para crianças. Eram mini-Mustangs e mini-Karmann Ghias, com motores de 3 cavalos. Em 1969 fundou a Gurgel Motores, a primeira fábrica de veículos genuinamente brasileira. Logo no primeiro ano de existência lançou o Ipanema, um buggy fabricado sobre a plataforma da Volkswagen. O carro caiu nas graças especialmente de fazendeiros como substituto do Jeep.

Em 1973, a empresa lançou o jipe Xavante, o primeiro sucesso de venda da Gurgel. O carro logo agradou ao público, por sair da concepão tradicional do buggy, e ao Exército brasileiro, que fez grande encomenda. A ousadia que marcou sua história viria a ter maior repercussão no começo dos anos 80, quando o engenheiro propõe ao mercado um projeto pioneiro de carro elétrico, em um tempo que não era comum a preocupação com ecologia. Sua empresa conseguiu exportar parte de sua produção, composta por dez modelos diferentes, para países como Arábia Saudita e Bolívia.

O mais famoso dos automóveis fabricados por Gurgel foi o BR -800, um compacto feito (como todos os outros de sua fábrica) em fibra de vidro e utilizando a mecânica Volkswagen. A abertura do mercado a veículos importados e a falta de recursos financeiros levaram a falência indústria de Gurgel, em meados dos anos 90. João Augusto do Amaral Gurgel sofria do mal de Alzheimer, há oito anos, e estava internado no Hospital São Luiz , em São Paulo.
Atualizado em 03/02/2009 - 13:31:00
Não entendo
O Brasil ter uma fabrica de JATOS e aviões comerciais de médio e pequeno porte e não ter nenhuma tecnologia AUTOMOBILISTICA BRASILEIRA.
Até a TROLLER foi vendida...
ASSIM VAI

2 comentários:

Almanakut Brasil disse...

Desde 2007 que estamos falando e reprisando esse mesmo assunto no Orkut, onde temos 6 perfis e em outras redes sociais.

Na década de 1970, a COPEL, no Paraná, usava umas peruas a caminhonetes movidas a eletricidade de bateria e esse BR 800 é tão eocnômico, prático e ágil, que se fosse aperfeiçoado seria o líder de vendas.

É lamentável e triste o que fizeram com esse senhor e revoltante ver,q eu um dos responsáveis por isso aparece ao lado de um membro da FIESP, para fazer campanha política.

Abraços.

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

É fato que os projetos do Gurgel estavam num nível mais avançados que a exigência do consumidor brasileiro à época. No caso do BR-800, um modelo derivado dele mas que não chegou à produção em série foi o Supercross, que ao ser observado atentamente lembra bem o primeiro protótipo do Crossfox (ainda com duas portas).