sexta-feira, 24 de junho de 2011

Crying In The Rain A-Ha

Chorando Na Chuva


Eu nunca deixarei você ver
O jeito que meu coração partido está me machucando
Eu tenho meu orgulho e eu sei como esconder
Toda a minha tristeza e sofrimento.
Eu chorarei na chuva...

Se eu esperar pelos céus tempestuosos,
Você não distinguirá a chuva
Das lágrimas nos meus olhos,
Você nunca saberá que eu ainda te amo tanto.
Então, embora os desgostos permaneçam, Eu chorarei na chuva...

Gotas de chuva caindo do céu
Nunca conseguiriam tirar meu sofrimento.
Porém, já que não estamos juntos,
Eu rezo por tempo chuvoso
Para esconder estas lágrimas que eu espero que você nunca veja.

Algum dia quando meu choro estiver acabado,
Eu vou exibir um sorriso e caminhar ao sol.
Eu talvez seja um tolo, mas até lá,
querida, você nunca verá eu me queixar
Eu chorarei na chuva...

Porém, já que não estamos juntos,
Eu rezo por tempo chuvoso
Para esconder estas lágrimas que eu espero que você nunca veja.

Algum dia quando meu choro estiver acabado,
Eu vou exibir um sorriso e caminhar ao sol.
Eu talvez seja um tolo, mas até lá,
querida, você nunca verá eu me queixar
Eu chorarei na chuva...



quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Tempo Não Para


O Tempo Não Para

Cazuza

Composição: Cazuza / Arnaldo Brandão
Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara
Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára
Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando uma agulha num palheiro
Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

terça-feira, 21 de junho de 2011

EMPREGADA DOMÉSTICA: UM “ANIMAL” EM EXTINÇÃO



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A definitiva abolição da escravatura está prestes a ser assinada. Enfim, o Brasil vai libertar as últimas mucamas. O cativeiro social em que vivem as empregadas domésticas deste país vai ser explodido. Madames, tremei!
O governo vai enviar ao Congresso um projeto de lei que retira as "mensalistas" do porão da informalidade e as equipara a trabalhadores normais (sinal que nunca foram, não é mesmo?). Passariam a ter direito, vejam só, ao  FGTS, seguro-desemprego e horas extras.
Se quisermos de fato entrar para o mundo capitalista civilizado, um bom treino é limpar a própria privada. Isso vai soar uma brutalidade para as senhoras de classe média que nunca ensinaram seus filhos a lavar os pratos em que comem. Paciência. O mundo é cruel.
Não tanto como a relação de sinhá moça que alguns adolescentes bem nascidos e seus pais mal-educados estabelecem com a criadagem. Sim, as empregadinhas, jardineiros, cozinheiras, babás e faxineiras que se entopem nos ônibus e trens, vindas das mais longínquas senzalas.
Em nossa cultura cínica e cordial, é lugar comum dizer que as empregadas domésticas fazem parte da família. Sempre vomito quando ouço isso. E lembro de uma vizinha que guardava um prato, uma caneca, um garfo e uma faca debaixo da pia. Juro. Eram para a "moça da faxina".
Também me lembro de uma jovem da elite nordestina que, uns cinco anos atrás, pagava R$ 25 por dia para a faxineira, sergipana como ela, que limpava seu “duplex” em um bairro nobre de São Paulo. Perguntada sobre por que não pagar mais, ela disse, sem nem perceber o quanto estava sendo malévola: “Ela se vira muito bem com isso”.
O crescimento econômico, aliado à escolarização dos mais pobres, vai tornar cada vez mais rara essa figura que nunca sai nas fotos de família. Assim como nos países desenvolvidos, ter uma doméstica em casa vai passar a custar muito, muito caro.
Como disse o ex-deputado Delfim Neto, com aquela elegância tão discreta quanto sua silhueta: “Há uma ascensão social incrível. A empregada doméstica, infelizmente, não existe mais. Quem teve este animal, teve. Quem não teve, nunca mais vai ter.”
Não tenho palavras para comentar uma frase dessas. Mas saber que ela é o retrato de um pensamento prestes a ser extirpado me dá um prazer indescritível.  Prazer animal.
Veja mais: Retira do Blog O PROVOCADOR 

domingo, 12 de junho de 2011

A HIPOCRISIA DO AMOR AO POVO

Pensamento
Agostinho da SilvaAgostinho da SilvaPortugal1906 // 1996Filósofo/Poeta/Ensaísta
A Hipocrisia do Amor ao Povo
 Estes amam o povo, mas não desejariam, por interesse do próprio amor, que saísse do passo em que se encontra; deleitam-se com a ingenuidade da arte popular, com o imperfeito pensamento, as superstições e as lendas; vêem-se generosos e sensíveis quando se debruçam sobre a classe inferior e traduzem, na linguagem adamada, o que dela julgam perceber; é muito interessante o animal que examinam, mas que não tente o animal libertar-se da sua condição; estragaria todo o quadro, toda a equilibrada posição; em nome da estética e de tudo o resto convém que se mantenha.

 Há também os que adoram o povo e combatem por ele mas pouco mais o julgam do que um meio; a meta a atingir é o domínio do mesmo povo por que parecem sacrificar-se; bate-lhes no peito um coração de altos senhores; se vieram parar a este lado da batalha foi porque os acidentes os repeliram das trincheiras opostas ou aqui viram maneira mais segura de satisfazer o vão desejo de mandar; nestes não encontraremos a frase preciosa, a afectada sensibilidade, o retoque literário; preferem o estilo de barricada; mas, como nos outros, é o som do oco tambor retórico o último que se ouve. 
 Só um grupo reduzido defende o povo e o deseja elevar sem ter por ele nenhuma espécie de paixão; em primeiro lugar, porque logo reprimiriam dentro em si todo o movimento que percebessem nascido de impulsos sentimentais; em segundo lugar, porque tal atitude os impediria de ver as soluções claras e justas que acima de tudo procuram alcançar; e, finalmente, porque lhes é impossível permanecer em êxtase diante do que é culturalmente pobre, artisticamente grosseiro, eivado dos muitos defeitos que trazem consigo a dependência e a miséria em que sempre o têm colocado os que mais o cantam, o admiram e o protegem. 
 Interessa-nos o povo porque nele se apresenta um feixe de problemas que solicitam a inteligência e a vontade; um problema de justiça económica, um problema de justiça política, um problema de equilíbrio social, um problema de ascensão à cultura, e de ascensão o mais rápida possível da massa enorme até hoje tão abandonada e desprezada; logo que eles se resolvam terminarão cuidados e interesses; como se apaga o cálculo que serviu para revelar um valor; temos por ideal construir e firmar o reino do bem; se houve benefício para o povo, só veio por acréscimo; não é essa, de modo algum, a nossa última tenção. 

Agostinho da Silva, in 'Considerações'Tema(s): Povo Ler outros pensamentos de Agostinho da Silva 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

HUMOR CUSTE O QUE CUSTAR SAI CARO E NÃO É NEM UM POUCO ENGRAÇADO


cqc blo provocador Humor custe o que custar sai caro e não é nem um pouco engraçado

Eu me encontrei por acaso com Marcelo Tas semanas após a badalada estreia do CQC, há uns três anos. Na despedida, brinquei: diante do sucesso, cuidado para não entrar em pânico. Ele não gostou da piada.
Talvez porque ele fosse o alvo da brincadeira, talvez por não gostar da ironia alheia. Tanto faz, é a mesma coisa. O fato é que o trocadilho era bom. E se mostrou muito pertinente.
Logo de cara, não me deixei levar pelo entusiasmo dos que viam no programa da Band um exemplo de juventude e inteligência a serviço do humor e do jornalismo.
Primeiro, porque nem as duas primeiras nem os dois últimos costumam se misturar. Segundo, porque nada disso prospera na TV. Foi questão de tempo para que a máscara caísse.
Não a máscara de palhaço, porque esse nobre papel a notória vaidade dos integrantes do programa jamais permitiria assumir. Eles não estão lá para divertir ninguém, mas para se divertirem. Custe o que custar.
Parafraseando Ferreira Gullar, o humorismo não foi feito para humilhar ninguém. Eu, particularmente, não vejo graça em pessoas serem expostas ao ridículo. Fico indignado, apenas.
E o CQC repete esse truque à exaustão. É sempre a mesma piada, com os mesmos personagens, semana após semana. Um porre, portanto. Há quem viva bêbado, e os que gostem de se sentir assim, bem sei. Ainda mais se as vítimas dessa embriaguez forem pessoas poderosas. Já que políticos nos ferram tanto, eles que se ferrem também. Poderia até ser, mas não é o caso.
Seria, se esses paladinos do humor brasileiro realmente enfrentassem os corruptos, os demagogos e os canalhas. Mas não. Tirando raríssimas exceções, quem vai para o cadafalso são insignificantes figuras do terceiro escalão das mazelas deste país.
Funcionários públicos de carreira, prefeitos de cidadezinhas, assessores e aspones, sub-celebridades que merecem mais piedade que desprezo. É essa a fauna que alimenta o apetite do programa em parecer inovador e corajoso.
Lamento, mas acho que o humorismo que eles fazem é covarde. E o jornalismo é de tocaia. Induções a erro, armadilhas. Caçadores de cabeça, quase mercenários.
Sintomática é a profusão de merchandisings. Todos muito bem feitos, criativos, dinâmicos. Diria até que é o que há de mais ousado. Talvez saibam fazer dinheiro mais do que provocar risadas.
Ok, normal. Hoje em dia, todo mundo quer ganhar uns trocados. Milhões de trocados, de preferência. Ainda mais tirando uma da cara dos outros.
A edição, não há dúvidas, é o que dá sustentação ao programa. Moderna, ágil, esperta. Aqueles narizes de Pinóquio, as bochechas vermelhas, as marteladas na cabeça, quase sempre são esses efeitos gráficos que nos levam a esboçar algum sorriso.
Mas esses recursos de pastelão são também essencialmente desonestos. O entrevistado não tem como se defender. Pode estar falando algo digno, mas que sucumbirá a uma torta na cara. E as piadas, convenhamos, são tristes. Alguns exemplos:
“Será que o Lula, como pai solteiro do PAC, vai molhar a chupetinha numa pinga pra relaxar a criança?”
“É aqui a reunião da máfia? “, perguntam a um parlamentar, na porta da festa de aniversário de José Dirceu, que “deu o primeiro pedaço de seu bolo de aniversário a Belzebu.”
“Cid Moreira é um dinossauro vivo da TV brasileira.”
“Ronaldo Ésper incendeia a rosca”.
Ao vivo, o jogador santista Paulo Henrique Ganso não confirma sua ida ao Corinthians antes da transferência para a Europa. Um dos moços da bancada diz, soberano:
“É como se falassem para o príncipe William: Tudo bem, você pode casar com a gostosa da Kate, mas primeiro tem que dormir seis meses com a Regina Casé”. Não é hilariante chamar uma mulher de feia?
Numa festa, o “repórter” fica esculachando anônimos alcoolizados. Quando chega a Andrea Beltrão, lambe a atriz como se fosse um fã. Diante do ator Paulo Cesar Pereio, fica miudinho. Quanta rebeldia, né?
Não é justo esquecer as pérolas que Danilo Gentili e Rafinha Bastos desovaram em seus respectivos twitteres. São perversidades antológicas:
"Entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última vez que chegaram perto de um metrô, foram parar em Auschwitz".
“Aê, órfãos! Dia triste hoje, heim?”, em pleno Dia das Mães.
Sem comentários. Eu não consigo rir de nenhuma dessas maldades. Para mim, isso tudo simplesmente não é engraçado. É mau gosto, grosseria, apelação ou deselegância. Apenas.
Não é o caso de fazer patrulha contra esse anedotário chinfrim. Se alguém quer sintonizar na deles, bom proveito. Deve haver quem goste, com certeza.
Mas já deu tempo de colocar algumas coisas em seus devidos lugares. O CQC é um programa reacionário, despolitizante, preconceituoso, repleto de piadinhas infantis.
Não por acaso, deu voz ao extremismo de Jair Bolsonaro, quando foi distorcida uma de suas respostas. Conseguiu insultar até Renan Calheiros (ao compará-lo canhestramente a Fernandinho Beira-Mar). Aposta na incivilidade. Criou monstrinhos que saem por aí fazendo molecagens.
Não é verdade que se pode fazer humor a qualquer preço, custe o que custar. O próprio lema já é de dar calafrios. E não é nem um pouco engraçado.
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