segunda-feira, 9 de novembro de 2009

UNIBAN EM REPOSTA AO CASO DA MENINA DO VESTIDO ROSA CHOQUE.... Sob pressão da OAB, MEC e do MPF, Uniban recua.


Sem comentário!!!!!

Só repasso os textos de outras entidades Informativas

Sob pressão da OAB, MEC e do MPF, Uniban recua.

A Uniban divulgou nota na tarde desta segunda-feira, 9, na qual informa que revogou a expulsão da aluna Geisy Arruda. A decisão de voltar atrás ocorreu depois da repercussão negativa da expulsão da aluna, que foi questionada pela OAB e pelo Ministério Público Federal. O texto lacônico, afirma apenas que o reitor revogou decisão do Conselho Universitário da Uniban e que, com isso, “dará melhor encaminhamento à decisão”. Veja abaixo:

Blog do Editor: Uniban, Talebã e o Brasil PELA BBC BRASIL

Blog do Editor hUniban, Talebã e o Brasil




Rogério Simões | 14:40, segunda-feira, 9 novembro 2009

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afghanwomen.jpgO caso envolvendo a estudante Geisy Arruda tem provocado um grande debate no Brasil. Questões morais, direitos das mulheres, ética educacional etc, vários são os elementos trazidos à tona pelo incidente. Todos os que têm discutido o assunto parecem entender que, em torno do episódio, há muito mais em jogo do que apenas o futuro de uma estudante e a imagem pública de uma universidade particular.

A instituição em questão, Universidade Bandeirante, ou simplesmente Uniban, decidiu expulsar Geisy de seu corpo discente. Segundo comunicado divulgado ao público em anúncio pago, uma "sindicância consuante com o Regimento Interno" da universidade concluiu que a aluna é culpada de "flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade". O Ministério da Educação exigiu explicações da instituição, e a ministra Nilcéia Freira, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, criticou duramente a decisão. As explicações contidas no anúncio da Uniban parecem não ter convencido as autoridades do país.

Em questões de moralidade, não há necessariamente certo ou errado. Sociedades desenvolvem-se de formas muito particulares, de forma que algo aceitável na Suécia pode não ser tolerado no México, muito menos na Arábia Saudita. Algo moralmente condenável no Brasil dos anos 40, como a prática do sexo antes do casamento, é hoje um comportamento não apenas natural, mas esperado. A pornografia é proibida em países muçulmanos, mas na maior parte do mundo ocidental, se produzida com e para adultos (a partir de 18 anos), trata-se de um produto como outro qualquer, de veiculação restrita, mas aceito e livremente consumido. O aborto voluntário, ainda proibido no Brasil fora casos de estupro e risco à vida da mãe, é um direito legal em nações como Grã-Bretanha, França ou Estados Unidos. Na Nicarágua, uma mulher grávida em decorrência de um estupro pode ir para a cadeia se optar pela interrupção da gestação.

No Afeganistão (foto acima), as mulheres são alvo de tradições e leis que estão entre as mais conservadoras do mundo. Nos tempos do regime do Talebã, nos anos 90, mulheres violentadas poderiam ser apedrejadas até a morte por terem, mesmo que involuntariamente, mantido relações sexuais fora do casamento. Nesse mundo do Talebã, Geisy Arruda não teria direito nem mesmo à educação. No Irã, ela poderia ir livremente à faculdade, desde que de corpo e cabeça cobertos. Já na maior parte do mundo ocidental, um vestido exageradamente curto de uma aluna seria recebido apenas com olhares (interessados ou indignados), comentários (elogiosos ou negativos), reclamações formais aos responsáveis pelo recinto ou puro desinteresse.

Cada sociedade escolhe seu grau de abertura moral e as formas como pretende punir desvios de conduta. O Brasil, por suas características históricas, é um verdadeiro caldeirão cultural, com grande variação de pensamentos, dos mais liberais aos mais conservadores. A legislação e o próprio bom senso, que incorporaram mudanças sociais como o divórcio, sempre tentaram encontrar um denominador comum que reflita o que o país pensa e tolera. O incidente envolvendo Geisy Arruda, a Uniban e estudantes engajados no linchamento moral de uma colega (para a universidade, uma "defesa do ambiente escolar"), pode ser um bom momento para a sociedade brasileira mostrar do que mais se aproxima: dos ideais ocidentais de tolerância ou do radicalismo do Talebã.

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